4 de fevereiro de 2011

“Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”

Em tempos de teologia da prosperidade, e músicas que ordenam: “Eu quero mais...” porque “por onde eu for a Tua benção me seguirá...” então “Me dá a minha benção...”, negar a si mesmo parece um tema fora do contexto bíblico, mas é o que Jesus diz em Mc 8:34-35: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.” E nesses termos, quantos seguem a Jesus?
Ninguém quer tomar a sua cruz e seguir Jesus, pois é um exercício que exige continuidade, comprometimento, suor, lágrimas. Mesmo sabendo que na Sua Graça ele troca nosso fardo pelo dEle.
Em João 6:48-60, Jesus se apresenta como o Pão da Vida do qual devemos nos alimentar, e cuja resposta dos discípulos, traduz a nossa própria em negarmos a nós mesmos: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”Jo 6:56b. Sim, o discurso é duro para quem, assim como eles, “ouve” as palavras segundo a carne.
É natural do ser humano se colocar como prioridade em todas as situações: “o meu problema”, “o meu dinheiro”, “o meu tempo”. E o "eu" vai minando a propagação do Reino. Enquanto milhares são atraídos a Jesus pelos seus problemas, o problema de Deus tem sido tirá-los, do conforto e comodismo à prática do Ide. Mas, conforto e comodismo são as palavras bonitas para preguiça e egoísmo
Não vemos servos dando a sua segunda capa, mas adquirindo para si mais jóias da H’Stern; não vemos servos andando a outra milha, mas comprando para si outro carro importado; não vemos “os grandes” homens visitando pessoas nos hospitais e presídios, mas, pelo contrário, os vemos desesperados por acumular e se protegem cada vez mais: plano de saúde, seguro do carro, alarme na casa, etc. Mostrando cuidados extremos com suas coisas, revelando o seu amor pelas coisas deste mundo.
É, investir no Reino, custa caro demais. Porque é investir no que não vemos. Jesus pregava esse Reino e foi crucificado. Ele nos diz em Mt 6:33: buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”. Mas a nossa carne não quer o Reino. Ela tem necessidades imediatas. Como podemos dar do nosso tempo junto e de oração, dar dos nossos bens ou dinheiro ao próximo, se nós mesmos precisamos muito mais disso tudo?
A Palavra traz: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” Rm 10:15b. Mas olhando para os nossos pés, se vemos calos ou bolhas são frutos da vaidade. Não obedecemos o Ide porque não nos interessa, não nos beneficia. Nessa hora a nossa carne quer mais é ficar atirada no sofá.
Que morramos todos os dias para nossas vontades. Buscando o perdido. Visitando o irmão. Suportando uns aos outros. Fazendo ao próximo o que gostaríamos que fizessem a nós mesmos.
Pelos olhos carnais é um preço alto demais o fato de termos necessidades e negá-las. Mas a Sua graça nos basta porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza, e nos gloriemos nela para que o poder de Cristo repouse sobre nós (2Co2:9). E o nosso próprio Salvador nos diz:Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” Mt 11:29-30.


Oração: Pai, ajuda-nos nesta morte diária do nosso “eu”. Ajuda-nos a vermos o nosso próximo e a fazer por ele o que o Senhor faria se estevisse em nosso lugar. Que venha o teu Reino, Pai!