7 de agosto de 2009

Pupila em dia claro

"Achou-o numa terra deserta,
e num ermo solitário cheio de uivos;

cercou-o, instruiu-o, e guardou-o
como a menina do seu olhoDt 32.10



A menina dos olhos ou pupila é infinitamente mais complexa do que o que vemos superficialmente, e é impossível vermos o seu interior a olho nu. Seja por espelho ou mesmo que outro a aponte, todos vemos apenas uma "bolinha preta".

A pálpebra a protege de qualquer fuligem que possa querer invadir seu espaço. 



A pupila deve diminuir ante a luz que a revela, e reconhecer que sem esta todas as coisas lhe seriam apáticas e sem vida. 


A cada incidência de luz, uma nova descoberta, nuances de cores e formas. E o mundo parece abrir-se: tem necessidade de sentir a textura, o cheiro que exala, que sons produz, que gosto tem. O corpo perfeito é aquele onde todos os órgãos funcionam harmoniosamente.

Tem momentos em que a pupila se acha só, pois todas as coisas passam por ela, ninguém percebe ou entende o que ela "enxerga", e muitas vezes até duvida de si própria.



Ela foi feita em par e ambas devem olhar juntas na mesma direção, mas ainda assim, uma é dominante sobre a outra. Ou ainda uma pode necessitar lentes corretivas e a outra não. O problema se instaura quando a pupila pensa que a outra não é necessária. Neste estágio ela pode e vai ferir outras partes do corpo, até que reconheça que precisa de ajuda, que tem que ser dilatada, deixar que a luz penetre fundo. Mesmo que custe muito para manter o olho aberto e rolem muitas lágrimas para tal, isto é necessário para que se revele a patologia, e seja prescrito o remédio correto. Só então consegue contemplar que existem outros sentidos que estão funcionando, e que estão torcendo pela sua recuperação porque necessitam dela no seu posto.

Esta é a pupila em dia claro. Aparentemente sozinha e inquieta, mas que busca a luz que a revela e sara, e que instigaria o corpo a novas experiências, para que este aprenda, amadureça e transforme tudo a sua volta.